Sibélia Zanon
Uma colega me
disse uma vez que não gosta de viajar para o meio da natureza ou para cidades
muito pequenas porque não aguenta tamanho silêncio.
Fiquei pensando
sobre os silêncios e observando alguns deles. O silêncio de fora e o silêncio
de dentro.
É possível
conquistar o silêncio de dentro, mesmo quando não existe o silêncio de fora,
mas o silêncio de fora parece favorecer o silêncio interno.
Já parou para
escutar o silêncio?
“A noite estácheia de vida e movimento. E também cheia de silêncio!”, escreve Roselis von Sass, em A Verdade sobre os Incas,
fazendo pensar que o silêncio não é estagnação ou ausência de atividade.
Parece um
paradoxo, mas num lugar silencioso podemos escutar muitos sons. Pode haver
diferentes pássaros, que se revezam no canto, a água que pinga de uma bica,
grilos ou cigarras e, lá no fundo, o som distante de um rio trabalhando sobre
as pedras.
Essa nova
capacidade de escutar faz com que possamos notar e valorizar um outro som, bem
de perto: o som da nossa própria respiração.
Dentro de um
silêncio cabe muita coisa. Cabe encontro, quando nos sentimos unidos a alguém
que está perto, e cabe desencontro, quando o silêncio vira penhasco entre duas
pessoas.
Cabe também um
efeito surpreendente: quando guardamos silêncio sobre algo importante e
alimentamos aquele pensamento, o silêncio resguarda e fortalece o potencial
daquela semente-pensamento como se fosse uma estufa.
Se o silêncio de
fora não é estagnação, o silêncio de dentro pode também não ser. Quando o
turbilhão de pensamentos barulhentos se apaga, abre-se novo espaço para a
escuta interior mais apurada.
Pode ser que, por
incentivar o silêncio de dentro, alguns não gostem tanto do silêncio de fora.
Mas melhor seria fazer as pazes com o silêncio de dentro porque, por mais que a
gente tente ocupá-lo com diversos barulhos, vez ou outra ele vai se rebelar e
se fazer ouvir.
Parabéns a escritora pois seus estritos são muito elucidativos.
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