sexta-feira, 16 de maio de 2014

Tempero acertado


Sibélia Zanon

A médica perdeu o avião porque uma greve aeroviária impediu que seu voo de conexão chegasse a tempo. Aguardando na comprida fila da companhia aérea, ela xingava tudo e todos em alto tom. Xingava a companhia aérea e seus tripulantes, xingava os atendentes do balcão, xingava os habitantes do país em que estava. O namorado dela, rindo das adversidades, dizia que não era bem assim, que ela não deveria generalizar. A espera na fila levaria mais de duas horas.

Li numa revista a história de uma moça que também perdeu o avião. No balcão da companhia aérea só havia uma atendente. A moça conversou com a atendente e começou a ajudá-la a distribuir os vouchers e a dar informações para os outros passageiros. Alguns perguntavam porque ela fazia aquilo e ela dizia que teria que esperar mesmo e que poderia, então, ajudar. Perto do momento do novo embarque, após ajudar com a fila de passageiros e amargar uma longa espera até o próximo voo, a moça recebeu de uma comissária um novo cartão de embarque. Ela achou que havia perdido o seu cartão e agradeceu. Quando olhou com mais atenção, notou que em seu novo cartão de embarque o assento era de classe executiva.
Como cada um lida com situações extremas ou com um acontecimento que não estava na agenda? Alguns buscam com bom humor uma forma de abrir as portas para uma comunicação que leve à solução do problema. Outros, nem tanto. Há, contudo, formas diversas de reclamar e fazer com que direitos sejam cumpridos.
Dizem que a forma de cada um se expressar está ligada ao seu temperamento, que sua forma de agir “está no sangue”. Cada um tem o seu temperamento, ligado a variantes como a idade ou mesmo o local em que vive. Também os povos trazem determinadas características comuns de temperamento.
Há temperamentos coléricos. Alguns dominados, outros exacerbados. Mas será que tem jeito de temperar o temperamento?

Abdruschin, Na Luz da Verdade

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